Wednesday, May 9, 2007

O Brasil deveria usar o exemplo do programa brasileiro contra AIDS

O Brasil é um país de contradições. Muitas são ruins, como a indústria automobilística que produz milhares de carros por ano, mas nenhum que se preze. Nos critérios civilizados de segurança, não passa um (air bag como opcional?). Outro exemplo de contradição é a falência da VARIG e de todo o sistema aeronáutico do país. Não há estradas, não há trems e agora não tem avião. O programa pro-álcool é outra contradição. Bom para a ecologia, péssimo para os bóias-frias. Mas há boas contradições também. A EMBRAER é uma. Outra, é o programa contra AIDS.

Ontem o Presidente Lula anunciou que quebraria a patente do Efavirenz, medicamento produzido pela Merck. O remédio é um dos mais utilizados para o tratamento de AIDS. A disputa começou quando a empresa se negou a baixar o preço do Efavirenz ao nível do que oferece para a Tailândia. Como o Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento que oferencem tratamento gratuito contra AIDS, o tratamento sairia - a preços normais - a US$580 por pessoa, por ano. Pagos pelo contribuinte.

Com a quebra da patente, o Brasil poderá importar um medicamento equivalente genérico, produzido na Índia. O tratamento sairá cerca de US$165 por pessoa, por ano. Exitem 200,000 pessoas no Brasil com a doença já desenvolvida e estima-se que 75,000 pessoas poderão usar o medicamento genérico.

O governo continuou a linha iniciada pelo governo FHC, de enfrentar a indústria farmacêutica e impôr um bom programa contra AIDS. O programa ganhou vários prêmios internacionais e é considerado um Rolls-Royce - em se tratando de programas em países sub-desenvolvidos (não estamos comparando o programa com o da Holanda, por exemplo).

O Brasil deveria usar o exemplo dessa vontade política em outras áreas. Ainda se morre de desidratação, disenteria e mesmo fome - apesar do programa Fome Zero. Acidentes de trânsito matam milhares por ano. A violência no Brasil mata mais que em zonas de conflito.

O Programa contra AIDS é prova de que, com um pouco de boa vontade, o governo consegue até "peitar" os gigantes farmacêuticos. Por que não fazer o mesmo em outras áreas?

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